EM 2004, estourou com o longa-metragem “Cazuza – O tempo não para”, com o qual foi agraciado com os seguintes prêmios no Brasil: Qualidade Brasil, como melhor ator de cinema; Grande Prêmio TAM, também como melhor ator; e o troféu da APCA- Associação Paulista de Críticos de Artes. Recebeu também o reconhecimento internacional com o Prêmio de Melhor Ator no Festival de Cinema de Miami e o do Festival de Cinema Ibero-Americano. O ator está escalado para a próxima novela das oito, que substituirá “Viver a Vida”, e será protagonista em dois filmes esse ano: "Boca do Lixo", e "400 contra 1 - Uma História do Comando Vermelho". Nós conversamos com ele na academia onde pratica Krav Magá, a única técnica reconhecida mundialmente como arte de defesa pessoal e não como arte marcial. Criada em Israel nos anos 40 por Imi Lichttenfeldnum, foi adotada como filosofia de defesa das forças armadas israelenses. Com vocês, Daniel Oliveira, dentre tantas atividades, também um atleta.
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Revista Util: Daniel, qual o trabalho que lhe dá mais prazer? E como foi esse início profissional?
Daniel Oliveira: Cinema, teatro e televisão, eu sou de todas as “praias” graças a Deus. Estou levando minha carreira do jeito que eu quero, do jeito que eu gosto de fazer. Eu sempre sonhei em ser assim, em trabalhar muito, fazer personagens variados, mas, principalmente depois de Cazuza, estou caindo mais para o lado do cinema.
Revista Util: E você é seletivo na hora de escolher os seus trabalhos?
Daniel Oliveira: Tem que ser sim. Para fazer um longa-metragem é tanto trabalho. Lógico, tem pessoas que fazem e o filme não dá certo, acontece. Mas quem escolhe fazer cinema escolhe um grande amor, uma paixão de fazer filme mesmo, ainda mais aqui no Brasil. Eu meio que respeito todos os longas que vêm pela frente. Mas, hoje em dia, como está muito aberto o mercado, tem que selecionar mesmo.
Revista Util: E em televisão?
Daniel Oliveira: Gosto muito também. Sou contratado da Globo e vou fazer a próxima novela “Passione”, que substituirá “Viver a Vida”. Vou fazer um italiano, e alguns capítulos serão gravados na região da Toscana, na Itália. Pra mim, uma experiência nova, eu nunca fiz novela das oito. É outro amor, você trabalha muito também, mas é muito divertido tudo isso.
Revista Util: Cazuza é um marco em sua carreira. O que ficou para você, como pessoa, viver esse ídolo brasileiro?
Daniel Oliveira: É um crescimento, me alegra muito. Eu me dediquei muito. Aluguei um apartamento e fiquei um ano me preparando para esse papel, para chegar no filme e fazer. Tive tempo, fui preparado por várias pessoas na questão do corpo: Camila Amado, Walter Lima Júnior, Ana Rubin... e muitas outras pessoas fantásticas e importantes nessa preparação. E além do filme, ficam Lucinha, o João, o Zeca. Ficam todas essas pessoas na minha vida, graças a Deus. E ficam também todas essas sensações de um grande papel, de um grande personagem. Cada personagem que você faz te leva para um próximo e, aí, você vai amadurecendo como pessoa através desses trabalhos. Influenciam na sua própria vida.
Revista Util: Quem é o grande incentivador da sua carreira?
Daniel Oliveira: Olha só, acho que mãe é muito forte nesse sentido, porque apoia tudo, todos os seus sonhos. Pode ser o mais impossível ou o mais estranho. Então, quando chega esse momento de pedir realmente um “axezinho” ali, a mãe está presente, e isso é bem interessante.
“...para reconhecer, em mim, esse
amor, que é divino...”
Revista Util: Você é casado com a atriz Vanessa Giácomo, tem um filho que completará dois anos esse mês, o Raul. Então, eu pergunto: a família é a base do equilíbrio, é onde você recarrega suas baterias?
Daniel Oliveira: Com certeza absoluta. E sou um cara muito família, tenho essa visão muito forte na minha vida, por ter uma família muito forte, presente: mãe, “vó”, meu pai - que é falecido, mas também foi um cara forte-, tio, primos, tanto da parte de pai como de mãe. E eu tenho essa coisa da família enraizada dentro de mim, sou mineiro, né!? Então, já tenho isso forte mesmo. E, agora, cuidar da minha, desse meu refúgio, da família que criei, ou melhor, estou criando. Isso é muito bom, importante demais.
Revista Util: Qual a maior emoção da sua vida?
Daniel Oliveira: Eu sou um cara abençoado e que vive, graças a Deus, grandes emoções. Mas, sem dúvida, o nascimento do meu filho. Foi e é o mais impactante, e é pra vida toda. Essa emoção, demorei 30 anos para sentir, e eu já estou maduro para saber o que é isso também, para reconhecer, em mim, que esse amor é divino, que é grande...
Revista Util: Um ídolo?
Daniel Oliveira: Tenho muitos, gosto demais dessas grandes pessoas: João Gilberto, Caetano, Jimmy Hendrix, Bob DiIlan, esses músicos que transformaram, que marcaram.
Revista Util: Um exemplo de vida?
Daniel Oliveira: Estando aqui, no Krav Magá, o mestre Kobi*, uma figura muito interessante mesmo, que está aí divulgando essa arte da defesa pessoal no Brasil e ele é o responsável pela América Latina. É um guerreiro!
Revista Util: De que o Brasil mais precisa?
Daniel Oliveira: O Brasil precisa de carinho mesmo, de educação para as pessoas. Precisa cuidar mais, não só desse país, mas do planeta. Estavam falando aí dessa conferência mundial do meio ambiente – COP 15 –, que aconteceu em Copenhague no mês passado, e que foi um grande fracasso. A gente fica meio assim, assustado. Realmente, o mundo está pedindo socorro. Precisamos cuidar mesmo, desde um plástico que se joga ali, coisa que não se recicla, até essas grandes indústrias mesmo, que poluem 24 horas por dia. Então a palavra é cuidar, para o Brasil e para o mundo.
Revista Util: Para encerrar, vamos falar dessa sua outra atividade. O Krav Magá é uma forma de aprender a se defender, mas para você funciona também como um trabalho de expressão corporal?
Daniel Oliveira: Eu pratico Krav Magá há 3 anos. Quem me falou pela primeira vez sobre essa prática foi o ator Caco Ciocler. Eu estava fazendo uma peça com ele chamada “Êxtase”, no Rio, e ele comentou sobre essa atividade, e achei o nome super legal. O som – Grav Magá- marcou. Perguntei o que era isso, e ele disse “ Ah, é uma luta do exército israelense”. E aí, ele contou que foi a Israel e conheceu o Krav Magá lá, fez uma aula prática e achou tudo muito interessante. Ouvi, achei legal, mas não dei muita bola, não. Depois disso, estava na zona sul, e vi um cara com uma camisa com esse nome e, aí, reconheci e lembrei do papo com Caco. Muito tempo depois, passei por aqui, no Centro de Krav Magá da Barra, vi a placa e entrei. E, desde então, estou aqui.
A prática é muito interessante, você fica mais ativo, atento, é bom pra saúde, já que estou exercitando o meu corpo, colocando o pulmão e os músculos para trabalharem e, ao mesmo tempo em que você faz isso, aprende uma arte diferente. O seu corpo reconhece e, se você precisar num momento de apuros, você vai saber usar. E tudo isso me ajuda muito no meu trabalho, na minha expressão corporal.
Por Tereza Dalmacio Foto Bruno Leão