15 de jun. de 2009

Voluntários da Pátria

Colcha de retalhos que aquece a alma
(REVISTA 02 - Nov 2008)

Reportagem publicada na Revista de Bordo - Nov. de 2008 (Tereza Dalmacio)
Sabe aquelas misturas que encantam, que invadem a alma, que preenchem? Assim debruço meu olhar, apuro meus sentidos e sinto a força e a poesia de quem tem muito a dizer.Pode ser um grito ou um sussurro, mas a mensagem vem sempre carregada de paixão, de apelo social, não à violência, basta à injustiça, uma coragem assustadora, gerada na dor, parida no desejo de mudança.Quanta beleza, quanta indignação.
É um hino...
R E T U M B A N T E !!!
Em cena o Brasil que desejamos... com personagens verdadeiras, gente de carne e osso, que sente, transpira, inspira, que sacode essa terra verde e amarela. A verdadeira soma que multiplica.O Tico descreve (no site) o projeto de forma direta, objetiva, transparente.

Pedro Poeta
Igor Cotrin
Edu PlanchêsTico Santa Cruz
Glad AzevedoTavinho Paes
Betina KoppGean Queiroz
Mel Tofanello
V o c ê

Poetas, atores e músicos interpretando textos, crônicas, poemas de autoria própria em performances de improviso. A ordem é: Sentir e expressar. Não tem um roteiro e nem uma direção específica, o que dá ao espetáculo uma espontaneidade e uma aura de mistério, surpresas e descobertas.O "Voluntários da Pátria" é um grupo voluntário criado por Tico Sta Cruz (Detonautas) para desenvolver nas universidades e escolas públicas e particulares um diálogo poético-literário, onde o público participa da apresentação e expressa suas impressões.
http://www.voluntariosdapatria.org/
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É isso, mas também é muito mais que isso. Ver este grupo contagia, provoca, tira da inércia, da mesmice. Vamos conhecer um pouco mais do VP com o vocalista dos Detonautas (entre tantas outras coisas) Tico Santa Cruz e a atriz Betina Kopp.

RB: Você não acha que o Voluntários da Pátria divide muito mais que a cultura, divide o desejo de ter e poder contribuir com um país mais justo, sem violência?Betina: Sim. O grupo busca a arte como elemento transformador, capaz de motivar e encorajar uma postura ativa na sociedade. A arte funciona como elo de ligação, é através dela que tocamos os corações e chamamos para a reflexão do bem comum. Paralelamente ao "Circuito de Poesia, Música e reflexões coletivas", o grupo participa de manifestações, campanhas pela valorização da vida e montagens de bibliotecas em comunidades carentes e carceragens. Tico: Vejo no Voluntários da Pátria uma excelente oportunidade de dialogar com os jovens, adolescentes e até crianças a respeito de assuntos que formam a base para uma sociedade justa e mais humana. Temas como cidadania, política, educação, literatura, música, abordados de maneira lúdica, numa linguagem acessível e divertida, que ao mesmo tempo instiga e leva o questionamento. A arte e a cultura salvam vidas com certeza.

Betina: Sim. O grupo busca a arte como elemento transformador, capaz de motivar e encorajar uma postura ativa na sociedade. A arte funciona como elo de ligação, é através dela que tocamos os corações e chamamos para a reflexão do bem comum. Paralelamente ao "Circuito de Poesia, Música e reflexões coletivas", o grupo participa de manifestações, campanhas pela valorização da vida e montagens de bibliotecas em comunidades carentes e carceragens. Tico: Vejo no Voluntários da Pátria uma excelente oportunidade de dialogar com os jovens, adolescentes e até crianças a respeito de assuntos que formam a base para uma sociedade justa e mais humana. Temas como cidadania, política, educação, literatura, música, abordados de maneira lúdica, numa linguagem acessível e divertida, que ao mesmo tempo instiga e leva o questionamento. A arte e a cultura salvam vidas com certeza.

Tico: Vejo no Voluntários da Pátria uma excelente oportunidade de dialogar com os jovens, adolescentes e até crianças a respeito de assuntos que formam a base para uma sociedade justa e mais humana. Temas como cidadania, política, educação, literatura, música, abordados de maneira lúdica, numa linguagem acessível e divertida, que ao mesmo tempo instiga e leva o questionamento. A arte e a cultura salvam vidas com certeza.

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RB: O Voluntários da Pátria percorre todo o país, de norte a sul. Então conta pra gente, o nosso Brasil tem muitas caras? E quais são elas?

Betina: Nossa apresentação não tem roteiro e estimulamos muito a participação do público. É a participação deles que nos mostra quem são aquelas pessoas. O Brasil é muito grande e por isso encontramos diversidade sim. No Sul, existe um debate sempre produtivo, os estudantes são mais preocupados com a política. Mas de uma forma geral, norte, nordeste, centro-oeste, sudeste, todos passamos pelos mesmos problemas. E todos devemos nos unir por um país melhor e mais forte em toda sua extensão.

Tico: O Brasil é um continente, é um país que tem tudo para ser o melhor do mundo. Temos uma natureza exuberante, riquezas naturais que faltam a outras potências, temos terras férteis, litorais belíssimos, temos uma diversidade de raças que nos proporciona uma aquarela cultural enorme. O Brasil é um país jovem ainda, precisa sair da condição de colônia de exploração à qual fora submetido desde sempre. Despertar esse gigante é complicado, porém quando o povo tomar consciência de sua responsabilidade e de seu poder e entender que precisamos dedicar mais do nosso tempo ao crescimento coletivo, ao amadurecimento de valores e princípios éticos que nos possibilite conviver e evoluir como cidadãos conscientes, revir algumas posturas que são verdadeiros atrasos principalmente no que diz respeito à educação e à Justiça, então seremos uma nação verdadeira. Porém é preciso começar HOJE e deixar de lado esse negócio de país do futuro. Precisamos mostrar quem somos nós.

RB: Esse trabalho leva o jovem à reflexão? Já ficou registrada alguma mudança individual? O antes e o depois Voluntários da Pátria?

Betina: A simplicidade do projeto revela a facilidade de seguir com iniciativas como a do grupo, estimulando a criação de grupos regionais a criarem seu próprio grupo de ação coletiva. Em dois anos de existência, o grupo já colheu resultados positivos, sendo a resposta imediata durante e após as apresentações. Eu vejo a resposta imediata, durante a apresentação quando um jovem vem ao palco emocionado, carregado pelo desejo da ação para falar o que ele pensa. O importante é a motivação da iniciativa da ação, que em tempos atuais revela-se passiva. Em cidades nas quais o grupo retornou, pode-se acompanhar o desenvolvimento artístico de alguns e a formação de grupos interessados no bem comum.

Tico: Embora não tenhamos objetivos imediatistas, recebemos muitas informações de escolas principalmente onde, depois da passagem do Voluntários, grupos de leituras se formaram, jovens passaram a interagir mais com as artes e com a cultura, acima de tudo com os livros. Recebemos e-mails e mensagens de pessoas que passaram a dar mais valor a suas atitudes perante a sociedade e isso é um grande presente.

RB: Vamos voltar um pouquinho e contar para o nosso leitor como tudo isso começou? A motivação inicial? O encontro? O grupo? O voluntariado?

Betina: O encontro foi espontâneo. Sempre digo que esse projeto não saiu do papel, saiu do coração. O Movimento da Poesia no Rio de Janeiro está cada vez mais forte e ganhando adeptos que consideram a leitura a maior arma de mudança. Nesses movimentos o palco é aberto para qualquer forma de expressão artística, como acontece no Voluntários da Pátria. O grupo se conheceu no ‘Dizer Poesia – Universo da Leitura’ e se formou naturalmente por possuir interesses em comum. O Tico foi fundamental na formação do grupo, dando credibilidade para um grupo que ninguém sabia ainda o que era, nem nós. O desejo de FAZER foi a grande motivação.

Tico: Conheci todos os Voluntários da Pátria num sarau que acontece numa livraria no Rio de Janeiro. Após o assassinato de meu companheiro de banda, Rodrigo Netto, estava completamente desesperançoso com relação aos rumos que deveria tomar. Lá fiz novos amigos, encontrei outros horizontes e após uma maravilhosa experiência numa faculdade no município de São Gonçalo onde fomos assistidos por mais de mil alunos, percebemos que o grupo deveria prosseguir levando este mesmo formato de debates, música e poesia a outros lugares, carentes ou não. Nós enxergamos o Voluntários como a CRUZ VERMELHA das artes, somos apartidários e, embora tenhamos nossas ideologias, a principal bandeira é resgatar a força que a juventude tem na transformação de um país e, para isso, iremos a qualquer lugar, desde um shopping que as madames mais ricas freqüentam, até uma favela onde miseráveis passam fome. Nosso objetivo é abrir frentes para que possamos repensar o papel de cada um diante desse mecanismo.

RB: O grupo Voluntários da Pátria, já realizou vários protestos – diga-se de passagem, pra lá de criativos – como: depositar rosas vermelhas nas praias do Rio; colocar sacos de laranjas na frente do Congresso em Brasília; e se vestir de fantasmas para afastar a violência e a corrupção. A mídia sempre se mobiliza e registra essa luta, o jovem participa. E as autoridades, além de levarem um baita puxão de orelha, como se comportam diante do fato?

Betina: Os protestos são uma forma de mostrar que não estamos aceitando o que está acontecendo. As pessoas já se acostumaram aos escândalos e nada fazem para mostrar indignação. Nós queremos mostrar que não estamos alheios a toda essa safadeza que é a política brasileira. Os protestos têm sempre um caráter lúdico, a arte é nossa grande arma.

Tico: Os protestos têm como objetivo soar o alarme de que existem pessoas que estão atentas ao que está sendo feito. Chamamos a atenção da sociedade e buscamos mobilizar a opinião pública para determinados assuntos. A participação do povo nas ruas é fundamental para questões importantes como as que se referem aos direitos básicos do cidadão. Se somos capazes de fazer filas de dias atrás de ingressos para jogos de futebol e shows internacionais, precisamos usar a mesma energia para lutar por justiça, respeito e dignidade.

UTIL: Vocês acham que o Brasil tem jeito?

Betina: Precisamos acreditar que sim. Não podemos nos acomodar e perder as esperanças, ficar sem motivação. A união do povo é capaz de mudar muitas coisas, basta acreditar. “ESPERANÇA é como um girassol, que à toa se vira em direção ao sol. Mas não é à toa, virar-se para o sol é um ato de realização de fé.” (Clarice Lispector)

Tico: Só para a morte não tem jeito.

RB: Para encerrar nossa entrevista: um ping-pong. Uma palavra?

Betina: Movimento
Tico: Perseverança

RB: Um pensamento?

Betina: "...E assim a reflexão faz todos nós covardes. E assim o matiz natural da decisão se transforma no doentio pálido do pensamento. E empreitadas de vigor e coragem, refletidas demais, saem de seu caminho, perdem o nome de ação." Hamlet - Shakespeare

Tico: Reaja povo Brasileiro

RB: Um desejo?

Betina: Seguir com o grupo e conquistar cada vez mais adeptos pelo país. A união faz a força.

Tico: Ter saúde para lutar sempre.

O Projeto Voluntários da Pátria é aberto, é para quem quiser, para quem chegar com o coração aberto, a mente limpa e o desejo de mudar.

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