15 de jun. de 2009

São João, acenda a fogueira do meu coração


Anarriê
Anavantur
Caminho da roça
Aí vem chuva
Vamos entrar no clima dos festejos juninos.
Os santos já estão reunidos: Santo Antônio, São Pedro e São João.
É hora de escolher a chita mais bonita, remendar as calças dos cavaleiros e dançar quadrilha.
Em junho, pipocam “arraiás” nos quatro cantos do país.

No nordeste, por exemplo, festejo junino é tempo de celebração e agradecimento. A data é a mais importante no calendário oficial de diversas cidades, atrai turistas, incrementa a economia e o forró contagia a multidão. Como o mês de junho é o momento de se fazer homenagens aos três santos católicos, e, nesta região do país, a seca é um problema grave, os nordestinos aproveitam as festividades para agradecer as chuvas raras, que servem para manter a agricultura. Pelo menos, esse foi o motivo inicial de toda essa tradição. Porque hoje a conversa é outra.

Músicas, comidas típicas, vestimentas, bebidas, ornamentos, simpatias, histórias, danças, a festa junina é uma parte riquíssima da cultura brasileira. Do banco escolar à vida universitária, passando por clubes e espaços públicos, a festa caipira agrada a todas as idades. Pode ser o forró, o xote ou o baião de mestres como Gonzagão, ou a viola caipira do interior do Brasil. Mas, como tudo isso começou?

Caipira, sim sinhô
Será? Os livros de história contam que as festas juninas ou festas dos santos populares são celebrações brasileiras e portuguesas historicamente relacionadas à festa pagã do solstício de verão, que era celebrada no dia 24 de junho, segundo o calendário juliano (pré-gregoriano) e cristianizada na Idade Média como "Festa de São João". Além de Portugal, a tradição veio de outros países europeus cristãos a partir de meados do século XIX. Ainda antes, porém, a festa já tinha sido trazida para o Brasil pelos portugueses e logo foi incorporada aos costumes das populações indígenas e afro-brasileiras. Festas de São João são ainda celebradas em alguns países europeus católicos, protestantes e ortodoxos (França, Irlanda, países nórdicos e do Leste europeu).
Fé, muita fé, minha gente
Confessei-me a Santo Antônio,
confessei que estava amando.
Ele deu-me por penitência
que fosse continuando.


Tem muita gente que tem tanta fé no santo casamenteiro que espera pela data com o enxoval quase pronto. Aí é simpatia, reza, promessa. A Dona Maria Emília, por exemplo, conta que foi em 1973, no interior de Minas, na cidade de Varginha, que fez uma simpatia para Santo Antônio e, no ano seguinte, estava casada. Diz ela que ensinou para muitas amigas, até para as filhas, e está todo mundo bem casadinha. Assim diz a comadre.

Bom, você quer tentar? A simpatia que deu certo para Dona Emília é a seguinte: à meia-noite do dia 12 de junho, quebre um ovo dentro de um copo com água e o coloque no sereno. No dia seguinte, interprete o desenho que se formou. Se aparecer algo semelhante a um vestido de noiva, véu ou grinalda, o casamento está próximo. Se der certo pra você, escreva pra gente pra contar e não deixe de nos convidar para o casamento.



Pense bem, véspera de Santo Antônio é o dia dos namorados. Quem sabe esse ano seus desejos não se realizam. Mas deixando Antônio de lado, na sequência, vêm João, 24 de junho, e Pedro, 29 do mesmo mês, marcando o encerramento dos festejos juninos.

Pedro, o pescador, tornou-se apóstolo e acompanhou todos os atos da vida de Jesus. A tradição popular interpreta uma passagem bíblica, em que Jesus Cristo diz: "Eu te darei a chave do reino dos céus. A quem abrires será aberta. A quem fechares será fechada". Daí São Pedro ficou conhecido com o Porteiro dos Céus.
Vários costumes juninos representam atos em homenagem a São João. A fogueira, por exemplo, lembra o anúncio do nascimento de João Batista, filho de Isabel e primo de Jesus, à Virgem Maria. Como era noite e Isabel morava em uma colina, esta foi a maneira encontrada para o aviso.
Por este motivo, nas noites de junho são montadas fogueiras como forma de celebração. Para a Igreja Católica, o acontecimento significa algo mais: preparar a vinda de Jesus. No sertão, o batismo de João também é lembrado com banhos à meia-noite no rio mais próximo.


Agora programe-se:
Caruaru, em Pernambuco, e Campina Grande, na Paraíba, atraem multidões, são as duas maiores festas do Brasil. No ano passado, os dois municípios, durante todo o mês de festejos, receberam cerca de 4 milhões de visitantes, movimentou 20 milhões de reais e gerou 5 mil empregos temporários. Se você deseja conhecer, se apresse, os hotéis ficam lotados.

Mas lembre-se de que os nove estados nordestinos: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe já estão com toda programação para os festejos.
No Rio de Janeiro, a festa na tradicional Feira de São Cristóvão tem comidas típicas, brincadeiras, sanfoneiros e mais de 20 quadrilhas vindas de todo o Estado, é o destino de muitos nordestinos que moram aqui e também dos cariocas. Quer saber mais, acesse o endereço eletrônico - http://www.feiradesaocristovao.org.br/.

E se você busca São João com solidariedade, o endereço na cidade maravilhosa, é o Jockey Club da Gávea, com o Arraiá da Providência, conhecido como “Roça in Rio”. A festa já faz parte do calendário oficial da cidade e reúne personalidades do mundo artístico e a nata carioca. O ingresso custa R$ 20,00. Todos os detalhes no site www.bancodaprovidencia.org.br/arraial.

Outra boa opção é a festa junina do Retiro dos Artistas, que oferece muitos shows, quadrilhas e comidas típicas. A renda é revertida para a instituição com o mesmo nome, que abriga 50 atores veteranos no Rio de Janeiro. Diversão com solidariedade é sempre muito bom. Mais detalhes, http://www.casadosartistas.org.br/.
Minas, São Paulo, região norte e centro-oeste, o país inteiro se veste a caráter e se diverte em grandes festas ou pequenos arraiás espalhados pelos municípios.

Então vamos lá:
Anavantur (em avant tout)
Anarriê (em derrière)
Balancê (balancer)
Travessê de cavalheiros (travesser)...

Fonte: WIKIPÉDIA - Por Tereza Dalmacio/Fotos Luciano Lellys